por José Ortiz Camargo Neto, jornalista
Na sexta-feira, 30 de outubro de 2009, início do feriado prolongado de Finados, começou entre a população de uma pequena cidade do interior de Minas um fenômeno que vem ocorrendo em outras localidades: um surto violento de vômitos, diarréia, dores no corpo, tonturas e outros sintomas atingiu pessoas em todos os bairros e no interior do município, incluindo turistas em hotéis locais.Ao fim de uma semana, cerca de 300 pessoas tinham sido atendidas, mas as reais dimensões da epidemia ainda são desconhecidas
Algumas pessoas falam que mais de metade da cidade adoeceu (ela tem mais de 10 mil habitantes), mas ninguém sabe o número exato, pois muitas pessoas se trataram em casa, sem dar entrada em nenhum hospital ou posto de saúde. Invisíveis nos registros das autoridades estão também as pessoas de fora da cidade, que se trataram em outras localidades.
Fato semelhante ocorreu dia 20 de novembro, em Orito (Colômbia), onde 276 moradores precisaram ser internados com febre, diarréia,vômitos e problemas na pele. "Não sabemos se a causa é um alimento, água contaminada ou fumigações", disse o padre Julio Mora, referindo-se ao glifosato, herbicida usado em plantações de coca.
Também na capital paulista, o médico Ademar Monteiro afirma que a principal causa de atendimentos no hospital em que trabalha tem sido surtos de vômito e diarréia, que aliás é a segunda maior causa de morte de crianças até 5 anos no mundo.
Envenenamento
No caso mineiro, as primeiras explicações divulgadas pela mídia foram as de sempre: uma “virose” havia atingido o município. “Virose” é um nome etéreo, genérico, que modernamente serve para tudo, principalmente para pôr uma pedra em cima dos acontecimentos, impedindo análises mais sérias e profundas de suas causas.
Porém, o médico imunologista dr. Roberto Giraldo, especialista em medicina interna, doenças infecciosas, imunológicas e tropicais, com formação efetuada nas universidades de Antioquia (Colômbia), Kansas e Cornell (USA) fez uma pesquisa com 86 hóspedes e funcionários de um hotel da cidade, afirmando que os sintomas são “típicos de envenenamento, como por agrotóxicos.”
Ele distribuiu um questionário intitulado: “Pesquisa sobre Intoxicação Massiva”, contendo uma lista de sintomas que surgem nesses casos. Das 86 pessoas que o preencheram 69 (80%) afirmaram que ficaram doentes com um ou vários dos sintomas, como desmaios, fala desconexa, tonturas, vômitos com bílis, diarréia, dores renais, sudorese, dificuldades respiratórias etc.
Roundup e Baysiston
Uma pesquisa de nossa reportagem descobriu que os venenos agrícolas mais usados na cidade (assim como no Brasil) são o herbicida Roundup da Monsanto (baseado no glifosato) – aplicado como mata-mato em quase todas as culturas - e o fungicida Baysiston, da farmacêutica Bayer, cuja base são organofosforados, muito usado em culturas de café, de 31 de outubro a 15 de dezembro.
Os sintomas de intoxicação aguda que podem causar são exatamente os mesmos observados nos surtos: cólicas abdominais, vômitos, diarréia, fraqueza generalizada, sonolência, vertigem, palpitações, dor-de-cabeça, alterações da pressão sanguínea, insuficiência hepática, sudorese e paralisação parcial do intestino delgado.
Os venenos agrícolas podem ser levados à população por alimentos (até os impensáveis, como as bananas e o arroz!) e também por água ou ar, e a situação se complica muito devido às chuvas torrenciais, enchentes e rajadas de vento anormais no Brasil todo. Podem ser inalados, absorvidos através da pele ou ingeridos. Nas cidades, são usados em parques e canteiros de avenidas, no tratamento de madeiras para construção, armazenamento de grãos e sementes e produção de flores.
Como nos Proteger dos Efeitos dos Agrotóxicos
Roberto Giraldo, médico
A Medicina Psicossomática Integral de Norberto Keppe ensina que o desenvolvimento, prevenção e cura de toda doença, incluindo as intoxicações com químicos agrícolas, dependem das condições internas, do funcionamento de nossa farmácia interior. Esta age de acordo com nossas emoções: as negativas (medo, raiva, sugestão negativa) a deprimem, e as positivas (felicidade, alegria, satisfação pessoal) são os melhores estimulantes. A aceitação da consciência de nossas qualidades e erros (psicopatologia) é o único caminho para o equilíbrio integral psicorgânico, que nos defende de ataques de agentes externos.Vejamos a seguir algumas dicas para ajudar a estimular nossa farmácia interior e nos proteger dos agrotóxicos (tentar usar só alimentos orgânicos).
Intoxicação aguda: A proteção contra os efeitos agudos dos agrotóxicos pode ser estimulada com várias medidas: 1) Tomar abundante água natural, água de coco e chás de camomila, erva doce, hortelã, aniz estrelado (para flatulência e gases) ou folhas de goiabeira (para diarréia). 2) Em casos de vômito ou diarréia, pode-se usar o soro caseiro, assim preparado: um litro de água natural (4 copos grandes), três colheres de sopa de açúcar, meia colher de café de sal, o suco de um limão ou uma cenoura ralada. Tomar pequenas doses cada 15 minutos enquanto tiver vômito ou diarréia. 3) É bom estimular um ph interno alcalino com alimentos alcalinos, como sal marinho, alho, orégano, alecrim, limão, lima, maçã, melão, mamão, kiwi, damasco, uva passa, amêndoas, erva doce, chá verde, abóbora, brócolis, repolho, rabanete, couve, azeite de oliva, castanha de caju, lentilha, azeitonas verdes, algas marinhas. 4) Enquanto os sintomas agudos persistirem, pode-se tomar meia colher de café de bicarbonato de sódio diluída em água natural a cada hora; depois, três a quatro vezes ao dia, meia hora após cada refeição. 5) Como é necessário um bom nível interno de antioxidação, isso se consegue com alimentos antioxidantes: limão, frutas e verduras amarelas e vermelhas, e nozes. 6) A vitamina B (Complexo B) - adultos 300 miligramas ao dia e crianças uma colher de chá do xarope - estimula ainda a fagocitose e outras ações das células do sistema imunológico. 7) Hidroterapia: o banho de imersão, com água bem quente, ajuda a tirar os tóxicos da circulação e tecidos. Já molhar as pernas até os joelhos com água fria e não secar estimula a circulação e os órgãos de excreção. 8) Antídotos, só há para os agrotóxicos organofosforados = Sulfato de atropina.
Intoxicação crônica (a longo prazo): 1) Todos os itens anteriores aplicam-se às intoxicações crônicas, geradas pela ingestão gradativa, diária, de agrotóxicos. 2) O bom funcionamento dos órgãos de excreção como fígado, rins, pulmões e pele são essenciais para uma boa desintoxicação, aguda ou crônica. Fígado = chá de boldo. Rins = sucos cítricos, sucos e chá de salsa. Pulmões = sucos verdes. Pele = frutas e verduras amarelas e vermelhas. 3) Jejum leve, uma vez ao mês, ajuda na desintoxicação crônica. Por exemplo, durante 24 horas, só tomar suco de uma fruta orgânica ou sopa de verduras orgânicas. 4) Também auxilia, quando for possível, tomar um copo de água de mar (não poluída, obviamente), com limão ao dia. Começar com pequenas quantidades. 5) É bom tentar comer só alimentos orgânicos e boa quantidade de fibras para manter um bom funcionamento do intestino. Alimentos recomendados: arroz integral, feijões, lentilhas, cevada, aveia, beterraba, cenoura, espinafre, alho, cebola, amêndoas, castanhas do Pará, bananas, limão, uvas, tâmaras, iogurte e peixes. 6) Exercícios regulares, como caminhar duas vezes ao dia, ajudam na circulação e manutenção de todos os órgãos. 7) A terapia de quelação usa químicos ou ervas para tirar tóxicos dos tecidos. Existe uma variedade de agentes quelantes orais tais como a penicilamina, vitamina C, zinco e aminoácidos como cisteina e metionina. O alho é o melhor agente quelante natural.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
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